Tuesday, December 20, 2011

Poeminhas

CÃO BRAVO 
Naquela casa tinha uma placa 
De cuidado com o cão bravo 
Mas depois algumas desavenças entre vizinhos 
Descobriu-se que o cão não era de nada 
E que quem mordia mesmo era o seu dono.

O VENTO E O AVARENTO
Tem o vento 
Tem o avarento
O vento carrega tudo 
O avarento guarda tudo 
O vento sopra 
Fraco 
Médio
Forte 
Já o avarento assopra 
Sempre forte 
Quando é para economizar vela.



Monday, December 05, 2011

Poeminha: Imundície

Eu sei que há bons políticos
Mas eles são tão poucos
Quando chegam no castelo
O sistema os engole
É como jogar uma linda rosa
Num tonel de bosta
Seu perfume e beleza
Somem ante tanta imundície.

Sunday, November 20, 2011

O cão

Não creio no cão
Mas se existe o dito
Anda ele trepado num palco
Empunhando um microfone
Contando lorotas
E assustando com o fogo infernal
Uma multidão de coelhinhos sem discernimento.

Sunday, November 06, 2011

"Quando o dinheiro vale mais que o saber,espere pelo pior."

O meu bolso primeiro

Faz tempo não creio mais em políticos
Pois sai Pedro entra Paulo pouco muda
Ou se assim quiser podemos dizer que vemos apenas alguma mudança
No perfil dos outrora porcos magros.


Meus sonhos

Tenho sonhos seguidos
E todos eles terminam do mesmo jeito
Eu caindo da cama.

Wednesday, November 02, 2011

A vida do ídolo

O ídolo olha pela janela do hotel
Na rua embaixo centenas gritam seu nome
Acenam e suspiram
Ele é quase um Deus
Mas o ídolo adorado
Nadando em dinheiro e fama
Mas sem ter paz
Aspira pelo nariz
O pó branco perigoso
Nesta busca incessante
Tentando encontrar nele algo que a vida não lhe deu.

Wednesday, October 19, 2011

Cãozinho machucado

Como é triste ver um cãozinho
Tentando andar com uma perna quebrada
Ergue-se valente e volta a tombar
Olhando às gentes com seus olhos tristes
Mas ainda bem que em meio aos indiferentes
Há sempre um coração bondoso que o acolhe
E aplaca seu sofrimento.

Inconformado

Meu pensar é denso e
Carregado de indignações
A depressão montada no desalento
Cerca o meu dia turbulento
Mas não me entrego de jeito nenhum
Pois nasci assim
Meio doce meio amargo
Eternamente inconformado com a ignorância.

Wednesday, October 05, 2011

Que paraíso?

Garganteiam nos palanques midiáticos
Que vivemos num paraíso
Mentiras deslavadas de mentirosos contumazes
Que há muito perderam suas vergonhas
Pois certo é que num paraíso
Não se veria nenhuma mãe
Implorando por hospitais 
Que atendam seu filho.

Quem diria

Não te conheço mais
Ou na verdade nunca te conheci
Amigo não és 
Talvez apenas um colega
Pois percebo agora
Que teu amor ao dinheiro é maior que nossa amizade
Mas gostaria de saber
Se na hora da dor
Vais chorar no ombro de um maço de notas de cem?

Thursday, September 22, 2011

Remorsos

Quando lembro que cometi maldades
O remorso me apunhala
Mas não posso parar para lamentar
O mal foi feito e não há volta
Posso sim fazer o bem em dobro
Pra sentir a dor sossegar um pouco.

Incógnita

Até quando viverei?
O nosso tempo de vida é uma incógnita
Sendo assim nada resta senão amar muito.


Avarento

O avarento constrói seu castelo
Para se esconder do mundo
Passa dia e noite
Só pensando na fortuna que aumenta
E quanto mais cresce sua riqueza
Na mesma proporção ele fica mais só
Os parentes alhures anseiam por sua morte
Antes que o dinheiro fique mofado.



Desencanto

Ando sempre buscando novas motivações
Subtraindo alguns desejos
Buscando novas fontes de alegria
Pois muitas de outrora
Perderam sua graça
Não há mais encanto
Perdeu o brilho e o romantismo
O esporte das multidões.

Monday, September 05, 2011

Miniconto- A Cirurgia

Depois da cirurgia cerebral ele se encontra deitado na cama de ferro, imóvel sobre alvos lençóis. De hora em hora uma enfermeira vem para ver como ele se encontra.Observa sua pressão e sai.Na parede ,solitário, um quadro da Santa Ceia faz companhia ao homem que dorme sedado.Sobre o criado mudo não há nada,nem mesmo um copo ou uma revista qualquer.O soro desce em lentas gotas e o rosto do enfermo aos poucos ganha cor.Lá fora, entre nuvens, aparecem pedaços do azul do céu.No canto esquerdo do quatro está largado um pequeno sofá marrom,que aguarda para acolher uma visita qualquer.Já faz quatro horas que a operação foi realizada; o homem abre os olhos e se mexe um pouco.A enfermeira chega,ele pede- “Onde estou?”Ela fazendo um olhar de mãe diz que ele está no Hospital Samaritano,sofreu uma cirurgia para extirpar um pequeno tumor no cérebro e que correu tudo bem.-“Tudo bem,nada,diz ele.Sou encanador,vim até aqui apenas para consertar um vazamento,resvalei e acabei caindo no banheiro.Nunca tive tumor algum,salvo minha mulher.E agora me acontece isso?”

Tuesday, August 30, 2011

Violência

A violência está nas ruas
Nas escolas e sobrados
Nas praças e restaurantes
Dentro dos lares
Dizem são culpados
Cinema televisão pobreza
Mas será?
Não seriam mais culpados os pais omissos
A força das drogas
A cultura da impunidade?

"Você já deu um sorriso hoje?Ou ainda está com fazendo cara de guarda-chuva amassado?"

Tuesday, August 16, 2011

Trânsito

Não bastam os quebrados
Não bastam os mortos
Do trânsito absurdo
Também nos dá a impressão
Que se multiplicam
Todos os dias
Os tolos e estúpidos
Que dirigem motocicletas e automóveis.

"Poesia é amor e vida.Sendo assim precisa também falar de justiça."

Banalizaram a vida

Ninguém resiste a tamanha dor
Chora pai
Chora mãe
Chora irmão
Choram os colegas e amigos
Ela se foi tão jovem
E se foi para sempre
Mas o maldito pagou fiança
E já passeia livre para embriagar-se novamente
Pobre país de leis frouxas
Que afagam assassinos
E que não confortam
Os amados que sofrem.

Saturday, August 13, 2011

Baú

Chovia lá fora
Não podendo sair e perambular
Resolvi abrir um velho baú da família
Achei o máximo
Pois não é que saltaram sobre mim
Um monte de saudades?

Miniconto- A HERANÇA

Naquela tarde na charneca dos Madeiras o vento soprava gelado. João Paulo caminhava lentamente, arrastando os pés como que varrendo o chão e levantando muita poeira. Quase desfalecido sentia na boca o gosto ruim do sangue que vomitava. “Maldita herança, que trouxe desgraça, que dividiu corações dantes amigos”- disse baixinho para si mesmo. O peito crivado de balas, os órgãos internos arrebentados. João Paulo olhou para o alto e pensou em gritar toda sua indignação, pedir socorro, mas tombou seu corpo num pedacinho daquelas terras da discórdia. Formigas penetraram em sua boca,moscas fizeram o primeiro reconhecimento.A herança do velho Madeira seria apenas dividida por dois.

Miniconto- TEMPESTADE

O céu ficou escuro e senti uma sensação de pânico. As nuvens ruidosas pareciam cair sobre as casas. Ventos enfurecidos revoltavam as melenas cobertas de poeira e faziam arder os olhos. Pequenos galhos e folhas já corriam pelas ruas sem lugar para ficar. Placas publicitárias de pernas de fortes voavam como penas.As gentes fechavam suas casas, cães e gatos eram recolhidos para lugares abrigados.Apressei o passo para chegar logo em casa e fugir das nuvens ameaçadoras.Algumas lesmas pegavam carona em pneus de bicicleta enquanto outras eram rápidas em seus patinetes.Entrei em casa a tempo de observar pela janela o mandatário- mor da cidade passar voando em sua cadeira de trabalho.A secretária sentada em seu colo fazia anotações e ajeitava os cabelos negros.

Friday, August 05, 2011

Vida moderna

Parei na esquina para observar o povo
Ninguém mais caminha
Todos correm em debandada
É pressa
É loucura
A comida é engolida
A vaga é procurada
A mocinha do cartão não aparece
O nervosismo é evidente
E assim não há saúde que aguente
É azia
É úlcera
É hipertensão
E dá-lhe sal de frutas!

"Não é que ninguém se importa com você.Talvez seja você que esteja se escondendo e fugindo de todos."

"E aí?Vai esperar morrer pra correr atrás dos teus sonhos?"

Thursday, August 04, 2011

Casa de Pedra

Queria estar agora numa casa de pedra nas montanhas
Ouvindo o vento bater lá fora
Admirando com alegria nos olhos
O vale que repousa lá embaixo
Tendo na companhia  livros
E alguns filmes
E também meu cão querido
Que felizmente não faz perguntas.

Tuesday, August 02, 2011

Depressão

A noite/tardia e encharcada/Era Nova York em julho.
Em meu quarto,escondida,/eu odiava a necessidade de engolir.
Elizabeth Prince

Friday, July 29, 2011

Latidos

Quando solitário insone na noite
Gosto de ouvir ladrar um cão ao longe
Dá uma sensação de conforto
Quebra o silêncio na madrugada
Dizendo algo como
"Não estás sozinho".

Continuarias chorando?

Diga-me: Se Deus agora te dissesse "Tu vais morrer amanhã!"
Chorarias ainda por todas as miudezas da vida e que segundo tuas próprias palavras te fazem tão infeliz?
Não seriam os teus problemas os menores?

Wednesday, July 27, 2011

AMY

Calou-se a voz
Não sou musical
Mas ao ouvi-la pela primeira vez
Fiquei encantado
Ela era diferente
Porém Amy correu atrás da morte todos os dias
Estava com pressa
O que buscava com essa loucura?
Ou então do que fugia?
Mas Amy se foi
Tão jovem
Tão doida
Que o seu talento jamais seja esquecido
Que os seus atos não sirvam de exemplo para ninguém.

Saturday, July 23, 2011

Miniconto- IMOBILIZADO

Pedro estava em frente ao computador quando sua mãe o chamou para ajudá-la a guardar mantimentos.Ele fez menção de se levantar, mais não conseguiu nenhum movimento. Estava petrificado em frente ao computador, totalmente sem movimentos e apavorado. Suava frio. Os olhos fixos na tela, a mão direita sobre o mouse, apenas podia ouvir os berros da progenitora que não cessavam. Tentou piscar para espantar um mosquito que estava na sua pálpebra, procurou cuspir, nada. Sentiu uma leva coceira no ouvido, fez um esforço sobre-humano para coçá-lo, mas não obteve resultado. Sua mãe já cansada de chamá-lo subiu para puxar suas orelhas. Ao ver que ele não respondia e que permanecia estático feito um poste,ficou em pânico.Deu-lhe uns tabefes e nada, nenhuma reação.Chamou pelos vizinhos mas ninguém apareceu.Então como última cartada ela sacou a tomada, desligando o micro. Arfando muito pelo susto, amarelado, ele lentamente voltou ao normal,para alívio de sua mãe,que depois do sermão voltou aos seus afazeres.Porém ele,passado o susto, fez aquilo que dele se esperava: religou o micro e voltou aos jogos.

Friday, July 22, 2011

"Sim,tenho um milhão de defeitos e uma ou duas virtudes.Mas estou tentando melhorar."

"Não quero saber quantas casas ou automóveis você tem.Interesso em saber quanto na vida você amou e quantos livros você leu."

"Não tenho paciência para aturar gente gabola.Será defeito ou virtude?"

"Meu espírito tem asas.A liberdade é o meu céu,minha vida é um caminhar por conta própria."

"Quando estou ocupado em escrever a ansiedade não me perturba.É a minha catarse."

"Hoje recebemos um bombardeio de informações,70% descartáveis.Se não usarmos um filtro,perdemos um tempo precioso."

"Amanhã poderá ser o dia da ressaca.Depende só de você."

Doída saudade

Estou  aturdido de saudade
Doído e abandonado como um cão sem dono
Sem saber como fugir dela
Vou pondo no papel todas as minhas mágoas
Encho de adjetivos a minha dor
Como que falar dela desse uma trégua
E agora que a madrugada chega
Durmo debruçado na mesa
Na esperança de acordar sem dor.

Sunday, July 17, 2011

QUANDO QUEM AMAMOS SE VAI PARA SEMPRE

QUANDO QUEM AMAMOS SE VAI
É UMA ESTRELA QUE EM NOSSA VIDA
 NÃO BRILHA MAIS
ÀS VEZES ELES  PARTEM TÃO CEDO
DEIXANDO SONHOS PELO CAMINHO.

MESMO ENTENDENDO E NÃO QUERENDO
A GENTE SOFRE
FICA A DOR DA SAUDADE
QUE CALA FUNDO NO CORAÇÃO.

MAIS DOLOROSO É QUANDO ELE PARTE
ASSIM DE REPENTE.
SURPREENDENDO SUA GENTE
E DEIXANDO UM ENORME VAZIO.

A VIDA É ASSIM
O QUE FAZER
ALÉM DE SE CONFORMAR?
.

Caminhando

Eu sei que nada sei
E dos mistérios da vida não sei se algum dia algo saberei.
O importante é andar liberto e de mente aberta
Focando no que é essencial
Sem perder tempo com modismos e grandes manias.

Monday, July 11, 2011

Quem sabe?

Estou na janela.
O vento murmura lá fora.
Parece que em breve teremos chuva.
O cão entra em sua casinha e observa o balé das folhas caídas
Agarrado ao companheiro osso.
Na rua ao longe as pessoas voam para suas casas
Para seus abrigos de paz ou guerra
Quem sabe?
Será que todos têm alguém esperando?

“Uma mente oca serve para guardar balinhas de ignorância.”

“Um homem bom faz caridade sem alarido.”

O ATAQUE DOS DIABOS- FINAL

...- Mas você tem certeza de que de que Mohamed não está em lugar algum daquele palácio?-perguntou Klokan.
- Acho sim que Mohamed não está mais entre nós. Vi suas mulheres andando nuas pelo palácio, com homens estranhos - respondeu Rasput.Klokan lembrou doa velhos tempos em que participava das festas de Mohamed, inclusive uma especial lembrança de certa formosura turca que tinha mel na vagina.

Klokan chamou então Maremor, o espião invisível para fazer uma visita escondida ao palácio. Antes de tomar qualquer atitude, queria saber quem eram os forasteiros que tomaram o palácio e quais suas intenções.Quando a noite começava a cair, Maremor saiu de sua tenda em direção ao deserto.Após andar de camelo algumas horas e ter o rego assado, estava ele próximo ao castelo donde ouviu altos gemidos carregados de lascívia.Uma velha entrada secreta ao castelo há muito não era utilizada seria seu caminho de entrada no palácio.Removeu uns arbustos e da solidão das areias entrou no túnel que saía nos aposentos do guardião primeiro, Raduan.Na história das grandes e poderosas famílias das areias escaldantes, o guardião primeiro sempre fora o principal homem de confiança dos reis e príncipes, e não menos das rainhas e princesas carregadas de grande energia.Dotado de força e destreza descomunal, também atendia com total dedicação os dengos das mulheres palacianas.Ao entrar nos aposentos do guardião, Maremor ouviu alguns gemidos femininos: Raduan estava de carícias com Asda, a preferida de Belzebu.Maremor deslizou por entre cortinas de seda e ficou observando os acontecimentos.Raduan forte e destemido respeitava, mas não tinha medo de Belzebu e de nenhum capeta, e se aproveitava bem da carne macia de Asda.Quando o amante estava sobre ela iniciando o coito, foi surpreendido por uma ferroada de um escorpião venenoso, levado até suas costas pelas mãos invisíveis de Belzebu. Maremor ainda gritou: cuidado Raduan, suas costas!Raduan apanhou o escorpião e enraivecido levou-o a boca destroçando o bicho com os dentes. Sentiu na boca ainda o gosto nojento do restante do veneno. Urinou rapidamente numa velha caneca e lavou a picada com sua própria urina.As dores logo se acalmaram e ele pode pensar com clareza. Nisso Belzebu entrou no quarto e lançou labaredas contra o rival, que mesmo atordoado e sapecado, conseguiu rapidamente erguer uma grande mesa e desviou o fogo poderoso.A bela e formosa Asda, tomada de paixão repentina por Raduan, que observava a luta sem tomar partido, resolveu ir para o lado do seu amor; por certo não achou uma boa idéia morar no inferno; tomou então nas mãos um frasco de água benta que tinha recebido de sua avó cubana católica fervorosa, e derramou-o sobre a cabeça do pavoroso, que se desmanchou no mesmo momento.Um grande estrondo foi ouvido e um clarão vermelho cegou a todos no palácio.Capetas abriram suas asas fedorentas e voaram pelos céus.Urravam como grandes felinos, soltando fogo pelas narinas.Quando um demônio é evaporado por água benta jamais poderá voltar a terra; então deveriam dar explicações aos superiores infernais.Todos os diabinhos voltaram ao inferno para tomarem suas novas ordens.Diante do presidente do conselho infernal e do diabo-mor, os maléficos jogaram pedras uns nos outros.Enquanto isso Raduan mais do que depressa montou seu harém e convidou Maremor para juntar-se a ele. Maremor vendo tantas formosuras decidiu entrar para o grupo, deixando de lado seu chefe Klokan.Raduan fez seus contatos e arrumou um pequeno exército para defender seu harém.Porém eles não contavam que os conselho mandasse imediatamente dois diabos para vingar o ataque a Belzebu.Os escolhidos foram Pluto e Set, com a missão de destruir a todos que colaboraram com Raduan.Armados de todas as ferramentas disponíveis no inferno, saíram eles para cumprir sua missão.Mas nas câmaras infernais também reinava uma inveja desgraçada e alguns diabinhos não gostaram da escolha, entre eles Temba e Yaotzin.Emboscaram Pluto e Set no desfiladeiro maldito, jogando sobre eles uma mistura de pó-de-mico com folha de palmeira abençoada na semana santa.Houve uma troca de labaredas e maldições, além do coça-coça.Mas não valeram suas artimanhas e foram devolvidos ao inferno, arrastados pelo saco como é de praxe no estranho mundo dos diabos.Suas penas foram de mil dias mergulhados em tonéis de vinagre.Pluto e Set chegaram então ao palácio como cobras, escondidos pelos cantos imundos.Rastejando pelo piso gelado do palácio, às vezes tropeçavam em bosta de cachorro, bosta de bichanos e diabolicamente irados gemiam de raiva. Os capetas foram acumulando informações sobre tudo e todos. Matariam todos e voltariam ao inferno para receber condecorações.Enquanto isso no seu grande oásis, Klokan estava beiçudo e enciumando por perder Maremor, e mais ainda por estar nas mãos dele tantas mulheres formosas.Pensava numa maneira de entrar no palácio e se apoderar de tudo.Asda, que fora amante e depois traidora de Belzebu foi à escolhida para ser a primeira das vítimas da dupla Pluto e Set. Quando tomava seu banho de espuma e de rosas africanas, cantando feliz na sua banheira de mármore, foi atacada com uma mistura feito de sangue de morcego gay misturado ao pó de Cimentolik.Surpresa com o rápido ataque, não pode reagir.Jogada a mistura na água de banho, em segundos Asda torno-se uma bela estátua de jardim.Seu corpinho antes moreno agora cinza, totalmente endurecido foi encontrado por Belenot, que apavorada correu para chamar Raduan.Os capetas enquanto isso se transformaram em pulgas e foram dormir no lombo de um pobre cachorro que perambulava por ali.Raduan e Maremor chegaram juntos da estátua de Asda, vendo toda sua beleza petrificada.Quase enlouquecido de ira, Raduan apanhou o pobre cachorro que por ali andava e o jogou no forno de fundição.Pluto e Set finalmente fodidos e torrados.Nisso foi anunciado nos portões a chegada de Klokan e sua comitiva.Vinham para tratar de resolver os atritos antes que acontecesse uma guerra entre eles.Klokan já estava um pouco passado e queria sossego junto de muitas mulheres; sinceramente algo difícil de conseguir.Pelo lado dos capetas, após a destruição de Pluto e Set houve uma nova conferência e ficou determinado que o melhor era deixar os homens de lado e farrear no inferno,pois os humanos estavam cada vez mais parecidos com eles. Ainda mais que o grande capeta soube que Kembo, o destruidor de demônios estava bem próximo de chegar ao castelo. Entre muitas conversas Raduam, Maremor e Klokan dividiram as mulheres, inclusive as feias e banguelas, pois todas queriam entrar para o rodo.O castelo foi dividido em três partes e todos viveram felizes por um curto espaço de tempo até que...

O ATAQUE DOS DIABOS -PARTE 2

...Até mesmo a própria irmã foi por ela caluniada.Em semanas capetas tomaram conta do palácio, sendo os donos do inferno e suas alegres mulheres também os donos da situação.Lubrichaia,mulher de peitos enormes e bunda empinada deu conta tranqüilamente de Diangras e Zarapelho, após ter jogado seu paciente marido Osmod num poço ornado de serpentes peçonhentas.Dhasla, a negra reluzente deslizou dias pelos corredores levando alguns diabinhos acorrentados, que usou alegremente para eliminar seus inimigos palacianos.Dhilas, a mais bela das feras, açoitou rindo seu servo Romerdo por trinta dias, acabando completamente com o couro do pobre.O sangue manchou o chão do palácio e o murmúrio do vento não isolava do mundo o grito dos sofredores aprisionados.Tabhita, a pervertida, encontrou em Pan o companheiro ideal para noitadas sem fim.Somente descansou quando teve nas mãos a pele do pênis do amante, feito pedaço de trapo após tanto uso.Com todos os homens do palácio eliminados, inclusive o soberano Mohamed, corria pelos corredores as conversas a boca pequena de quem seria o líder que comandaria os caídos.Lubrichaia já havia chamado Asda para uma conversa.
-"Precisamos nos unir para que tenhamos mais força. Está chegando o dia em que alguém vai querer comandar nosso grupo por aqui..Precisamos unir Diangras e Zarapelho com Belzebu; nós, estando unidas, não deixaremos que outras assumam o comando.Vamos nos organizar por aqui e depois partiremos para novas conquistas.O mundo é nosso, está aí para que tomemos posse dele" - disse Lubrichaia.
Asda concordou prontamente e decidiram que o primeiro passo seria contra Asmodeus e sua mulher Belenot.Mas...
Antes do cair daquela noite chegou um viajante inesperado chegou ao palácio de Mohamed perguntando por ele. Era o coxo Rasput, mas feio e enrugado que saco de velho, que passava por ali todos os anos vendendo charque de buchada de camelo.Achou estranho não encontrar Mohamed e tampouco nenhum dos antigos conhecidos, apenas suas belas mulheres.Disseram-lhe que tinham saído para caçar leões e outras feras.Rasput era coxo, mas não ingênuo, e logo percebeu que havia alguma coisa errada acontecendo.Disfarçou um pouco sua desconfiança e antes do dia amanhecer fugiu rastejando para fora do palácio, mesmo enchendo a boca de areia e deixando seus camelos carregados para trás.Foi ainda perseguido por Nicodemos Mão-de-Sangue, fiel capanga de Belzebu, mas como estava uma noite sem luar não foi localizado nas areias do deserto.Nicodemos não teve sorte e acabou morto pela picada de um escorpião Red Back.Conseguiu chegar no oásis do grande líder das areias do deserto, Klokan, e relatou para ele os acontecimentos estranhos e o fato de não haver encontrado o soberano. Moham Klokan ficou por alguns minutos coçando sua enorme barba carregada de piolhos e pensando em quem seriam os estranhos que estavam no palácio do amigo.


O ATAQUE DOS DIABOS - PARTE 1

O anjo revoltoso de tantos nomes saiu do inferno juntamente com seus partidários para fazer barbaridades sem fim. Chegaram às areias do deserto voando com suas asas peludas e fedorentas justamente num dia festivo. Pousaram dentro do enorme palácio Universal Dourado, construído no deserto para grandes orgias pelo soberano Mohamed, filho do grande Parduan Mohamed, que raios o partam; também era filho do não menos grande safado, sultão Hedir Mohamed, conhecido pelas vizinhanças como o rei das bronhas. Ocorria no momento a maior das sacanagens, e o soberano e a sua corte bebiam com suas mulheres, estando elas em pelo quando foram interrompidos pela chegada dos estranhos que, vendo tanta fartura, cresceram seus olhos e tiveram involuntárias ereções.Os mais assanhadinhos babavam tanto que um córrego de baba se formou nas areias palacianas.Porém engana-se quem pensa que chegaram mostrando armas: apresentaram-se como carneirinhos de faces angelicais, nada temíveis.Uns rezavam, outros entoavam cânticos de louvor.Diziam-se viajantes de uma terra distante e que ali estavam para negócios com camelos.Mediante uma certa quantia em ouro, pois o grande Mohamed era um mão-de vaca daqueles, conseguiram autorização para fazer uma parada.Foram aos poucos conquistando a confiança do soberano e dos súditos. Presentinho pra lá, presentinho pra cá, uma verdadeira orgia de escritório. Eram capazes de mágicas espetaculares e não faltavam bebidas e diversas iguarias. Com tantos poderes maléficos adquiridos quando estavam ainda na esfera infernal, principalmente nas especiais artes das intrigas palacianas, ensinadas lá com muita qualidade por políticos, advogados, bispos, padres e pastores que fazem muitas horas no inferno dando produtivas aulas.Fizeram pois suas artimanhas, e aconteceu que os homens em pouco tempo desconfiassem um dos outros e se engalfinhassem em duelos mortais.Usaram as mulheres com ambições desmedidas para terminar com a pouca ordem que ali existia.O caos promovido pelos diabos foi enorme.Aos poucos os malvadinhos tomaram conta de tudo, e passaram a usar não somente a forma humana para enganar os mais ingênuos e tolos membros da elite palaciana.Ansiosos para demonstrar suas habilidades transformaram-se em cães e lobisomens; outros em borboletas e colibris.Nesse rolo todo estava Asmodeus, organizando a partir de então o maior festival anual de sacanagens da época.Ninguém, mas ninguém mesmo era dono da própria retaguarda.Asda, a piranha preferida do soberano, cooptada por Belzebu, usou sua língua poderosa para espalhar um arsenal de maldades sem precedentes na história do mundo.

Thursday, July 07, 2011

Miniconto- O GORDO

Tinha trinta anos e media um metro e setenta de altura, pesava a bagatela de cento e vinte quilos. Para todos seus conhecidos, Daniel era uma referência como a padaria da esquina. As piadinhas e perguntas maldosas o fizeram preparar um arsenal de respostas marotas.
-E aí, ainda está enxergando o pinto?
-Enquanto eu estiver vendo o teu rabinho, não me preocupo-respondia ele. Mas como todo ser humano ele foi se cansando das brincadeiras bobas e resolveu encarar um regime muito rígido. Sofrimento diário, um verdadeiro inferno. Quase nada de comida, frutas e exercícios em excesso. Dieta desgraçada, capaz de matar de fome um monge budista. Foi ficando verde de tanto comer capim. Sabia o nome de mais de duzentos chás emagrecedores.Fez um guarda-chuva somente com caixinha de remédios para emagrecer.Mas exagerou e não deu outra: quem carregou o caixão disse que ele pesava quarenta quilos,já contando com o peso do invólucro de madeira.

Tuesday, July 05, 2011

Miniconto- O PAPAI SENADOR

O senador Aristeu Pedroso aos sessenta anos se tornou finalmente papai. Gastou uma fortuna com o pré-natal na Europa, mais precisamente em Londres. A jovem esposa teve o melhor tratamento que o dinheiro pôde comprar.Nada faltou para que o rebento viesse ao mundo cheio de saúde.E assim no dia 7 de julho nasceu o menino,belo e saudável. Porém o nobre senador é o único da família que não está contente com o nascimento do filho,muito pelo contrário.O pequeno Raimundo já nasceu falando e escrevendo,além de cantar,caso jamais visto em todo o mundo.Médicos de todo planeta já analisaram o menino especial e dizem que é gênio.O caso só ficou ruim mesmo para o papai, pois o menino nasceu falando mal,imagine, do próprio pai!Ele brada aos quatro cantos: meu pai é um corrupto,meu papai é um fino ladrão!O senador aborrecido mandou esconder o menino.Mas pelo jeito não vai adiantar: O diabinho não sai de casa,mas já está escrevendo um livro sobre as façanhas monetárias do papai e já postou vídeo na internet contando tudo.

Monday, July 04, 2011

Poeminha- O MELHOR DIA PARA MORRER

O menino João morreu nesta tarde de sol.
Ninguém deveria morrer num dia como esse
Em que o céu está todo azul e sorri feliz
Não se importando com quem chora abaixo dele.
Penso que todos deveriam morrer num dia chuvoso.
Não que eu não ame a chuva
Não que a chuva não seja bela
Mas creio que combina melhor
Morte e chuva que
Morte e sol.
Num dia ensolarado sinto que a dor da morte é mais implacável
A saudade chega antes e mais afiada.
Mas quando se misturam gotas de chuva e lágrimas
O coração em pranto sente um certo alívio e renova a esperança
De encontrar a paz.

Miniconto- PERDIDA NA NOITE

Num canto escuro de uma esquina mal-cheirosa, agarrada nos tijolos de um prédio sujo, ela vomitava. Suas pernas manchadas de bexigas roxas demonstravam a falta de cuidado que tinha para consigo. Um homem bêbado passou perto e disse alguns gracejos enquanto ela jogava fora sua existência, encharcada de álcool nas noites da vida. Após o pior passar ela levantou os olhos para o céu e viu a lua olhando para sua carcaça desalinhada. Por um breve momento pensou nos sonhos de menina que o diabólico tempo tratou de pulverizar. Tinha perdido o juízo, a juventude tão gostosa de ser vivida,os amigos verdadeiros; a família que ela mesma deixara para trás. Caminhou alguns quarteirões até seu quartinho acanhado no hotelzinho de quinta categoria.Abriu a porta e sentiu no rosto o cheiro de mofo que dominava o cubículo.Sentou-se na cama e acendeu mais um cigarro, talvez o trigésimo da noite.Tudo à sua volta rodava, os olhos de peixe morto, pálpebras caídas.Após fumar, apagou o venenoso esse deitou sobre o cobertor que já cobrava uma boa lavagem.Apagou.Mais uma noite de trabalho encerrada, mais um dia vivido sem ter alegria no coração.

ARZINHO

Debaixo de frondosa árvore na praça, um velhinho de boca aberta olhava por horas o movimento dos automóveis que por ali circulavam. Pedi se ele estava com algum problema. Não, me disse ele, estou aqui dando um arzinho pros dentes.

O VIDENTE

Mora na vila de Mozara o vidente chamado Kalomeu. O vidente Kalomeu se alimenta uma vez por dia apenas de raízes e folhas caídas; carne não come... Caso não seja picanha e toma somente água da chuva, filtrada no carvão. A pele do rosto é lisa, ausente de rugas, ninguém diz ter ele cem anos já vividos. Com tal idade então começou a namorar Katrilu, moçoila de trinta e seis anos, uma enorme traseiro redondo, algumas pelanquinhas e coxas palpáveis. Nosso vidente faz previsões sombrias sobre o futuro do mundo e o fim de tudo. É muito admirado pelas crianças e velhos, homens e mulheres. Sentado em seu banquinho de madeira, joga para o alto bostinhas secas de cabrito e conforme elas caem no pano branco de algodão, faz suas previsões.Pedimos ao grande sábio que fizesse algumas previsões para nós neste dia ensolarado de vinte de maio de 2009.Na sua leva de bostinhas atiradas conseguiu nos dizer que:


Lula morrerá como nasceu, ou seja, ignorante. M.Jackson jamais voltará a ser negro, embora possa recuperar seu nariz. Silvio Santos viverá ainda mais cem anos e irá enterrar com pompas o Raul Gil. Hebe Camargo e Ana Maria terão seus corpos doados à ciência como prova dos milagres da medicina estética. Galvão Bueno viverá muito,embora muito doente nos últimos anos, após ter levado um choque elétrico ao gritar gol do kaká e engolido no ato metade de um microfone.O estado do Maranhão irá desaparecer dentro de mil anos,mas o clã Sarney continuará governando suas ruínas até a eternidade.Fidel Castro será o comandante da Arca de Fidel,durante o grande dilúvio de 3.003 d.c.O estado do Rio de Janeiro será governado no próximo século pelo PDC –Partido dos Maconheiros-quando as reuniões do secretariado serão embaladas pela fumaça dos baseados.nho.O estádio dos Aflitos do Náutico continuará com seu gramado esburacado até o dia em que não restará nada, apenas buracos, e ele será transformado no Piscinão dos Aflitos.Ricardo Teixeira ainda estará no comando da CBF quando o futebol for jogado com bolas de plástico cor de rosa.Gilberto Gil irá compor com Caetano Veloso e Chico Buarque um trio sertanejo universitário que fará muito sucesso em Cuba.Nosso país será conhecido não mais como o país do carnaval,mas sim como o país dos come e dorme,graças ao programa Bolsa Dorminhoco do governo petista.Hugo Chávez morrerá precocemente ao abrir uma granada pensando ser um refrigerante.Evo Morales ficará muito rico.Viverá por muitos anos nos Alpes Suíços e perecerá ao correr nu e de membro ereto atrás de uma cabritinha pelas encostas geladas do lugar. Mahmoud Ahmadinejad não conseguirá através do ódio levar o Irã a ser uma potência belicista,muito pelo contrário;em 2025 o país tomará o lugar do Brasil e será conhecido como o país das mulatas.

Sunday, July 03, 2011

Miniconto- FUNERAL DO HOMEM EMINENTE

Quando o cortejo entrou no cemitério ele já não estava no caixão. Nele apenas jazia sua pobre carcaça fedorenta.Pairando no ar observava o lamento dos hipócritas,o choro dos aproveitadores de plantão.Verdadeiros e falsos amigos dividiam o peso do esquife,sôfregos e pesarosos.A jovem viúva fazia um enorme esforço para chorar e manter o ar de tristeza no rosto,quando na verdade pensava no saldo bancário e nos inúmeros imóveis do falecido marido.E foi assim que ele sorriu de alegria ao perceber que deles estava finalmente livre.

Poeminha- Minha solução

Quando não me encontro
E fico cheio de desencontros
Vou lá fora no quintal
E fico então de pés descalços
Pisando na boa terra
E dizendo um sorridente bom dia aos vizinhos.

Miniconto- INFERNO

Estou no inferno. A cor do céu aqui no inferno é cinza e sopra um vento frio. Os edifícios estão todos em mau estado,caindo aos pedaços.Ruas esburacadas e esgoto a céu aberto fazem das ruas piscinas de moscas.Penetro num barracão abandonado e encontro alguns esqueletos solitários dormindo dentro de fornalhas.Algumas velhas máquinas de tortura estão por ali jogadas,apodrecidas pelo tempo.Quando saio do barracão esbarro num velho capeta sem cor,todo enrugado e molenga.Pergunto onde estão todos os demônios:
-A nova geração acabou de mudar de ramo. O inferno se foi por completo. Com o ser humano é praticamente impossível competir.- Falou isso e saiu chorando desolado.

Saturday, July 02, 2011

Miniconto- TRAGO

Procurava um lugar para bebericar de graça, mas já estava bêbado. Entrou então numa capela onde se realizava um velório e aprontou o maior rebuliço.Mesmo sem ouvir música alguma achou que era um baile e foi tirando a viúva para dançar.Não contente ainda foi para cima do defunto derrubando velas e castiçais.Levou uns petelecos e foi atirado num canto.Quando apareceram os homens da Brigada Militar não se conteve e gritou: Viva ! Finalmente o conjunto chegou! Levou mais dois sopapos e acordou somente detrás das grades, já curado do porre. Então de joelhos implorou por perdão pedindo para ser solto.Foi liberado e já na primeira esquina tomou uns goles e aprontou novamente.A boca em que se metera era braba,levou dois tiros e disse adeus ao mundo terreno.Quando percebeu estava no purgatório, acompanhado pelo marido da viúva que tirara para dançar no velório.Apanhou novamente e por castigo recebeu o quarto mais perto do fogo.

Mniconto- UM SANTO NO CÉU

Estou no céu. Os riachos correm límpidos e a brisa que sopra é perfumada. Diversos animais brincam ao meu redor. A grama está sempre verde, cheia de vida. O silêncio só é interrompido pelo cantar dos pássaros. O clima é agradável, nem frio, nem quente. A paz é total.Mas aqui vejo um grande problema: o céu está vazio.

Miniconto- SOMBRA

Ele tinha certa dificuldade em fazer amigos. Para dizer a verdade não tinha nenhuma facilidade em se aproximar de alguém. Para uns era um grande chato, para outros apenas um jovem profundamente melancólico. Algo que Joel não sabia era sorrir, sempre taciturno vivia para si. Naquela cidade não havia por certo pessoa mais solitária e triste, sua única amiga era uma televisão de 20 polegadas que dele não podia fugir. Do trabalho no banco para casa e nada mais. Não tinha empregada em casa nem bichos para cuidar. Pensou num cachorro, mas logo desistiu, não queria ter o trabalho de limpar sua sujeira. Teve sua tragédia pessoal quando sua noiva o trocou por outra. Não reagiu, não lutou nem um pouquinho para sair da tristeza, apenas entrou no baú dos solitários. E foi assim que um dia sua própria sombra resolveu deixá-lo, abandonando um corpo quase já sem vida. E quando o sol mostrava seu brilho e calor, Joel caminhava pelas ruas sem ter sequer a própria sombra por companhia.

Sunday, March 06, 2011

SONHO DE UMA TERÇA-FEIRA GORDA

Eu estava contigo. Os nossos dominós eram negros,
[e negras eram as nossas máscaras.
Íamos, por entre a turba, com solenidade,
Bem conscientes do nosso ar lúgubre
Tão contrastado pelo sentimento de felicidade
Que nos penetrava. Um lento, suave júbilo
Que nos penetrava… Que nos penetrava como uma
[espada de fogo…
Como a espada de fogo que apunhalava as santas extáticas.

E a impressão em meu sonho era que se estávamos
Assim de negro, assim por fora inteiramente de negro,
- Dentro de nós, ao contrário, era tudo tão claro e luminoso.

Era terça-feira gorda. A multidão inumerável
Burburinhava. Entre clangores de fanfarra
Passavam préstitos apoteóticos.
Eram alegorias ingênuas, ao gosto popular, em cores cruas.
Iam em cima, empoleiradas, mulheres de má vida,
De peitos enormes - Vênus para caixeiros.
Figuravam deusas - deusa disto, deusa daquilo, já tontas e
[seminuas.
A turba ávida de promiscuidade,
Acotovelava-se com algazarra,
Aclamava-as com alarido.
E, aqui e ali, virgens atiravam-lhe flores.

Nós caminhávamos de mãos dadas, com solenidade,
O ar lúgubre, negros, negros…
Mas dentro em nós era tudo claro e luminoso.
Nem a alegria estava ali, fora de nós.
A alegria estava em nós.
Era dentro de nós que estava a alegria,
- A profunda, a silenciosa alegria…
Manuel Bandeira

Você

Tenho sua pessoinha em meus sonhos.
Tão bom é ver você nua, aconchegada em meus braços.
E no retiro de um ambiente fresco e simples
Sem ninguém além de nós dois
Quero mesmo é embriagar-me de você.

Monday, February 28, 2011

Tautologia

É o termo usado para definir um dos vícios, e erros, mais comuns de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exacta
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livreescolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- facto real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a últimaversão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito .

Palíndromo

Um palíndromo é uma palavra ou um número que se lê da mesma maneira nos dois sentidos, normalmente, da esquerda para a direita e ao contrário.

Exemplos: OVO, OSSO, RADAR. O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase; é o caso do conhecido:

SOCORRAM-ME, SUBI NO ONIBUS EM MARROCOS.

Diante do interesse pelo assunto (confesse, já leu a frase ao contrário), tomei a liberdade de seleccionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões...


ANOTARAM A DATA DA MARATONA

ASSIM A AIA IA A MISSA

A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA

A DROGA DA GORDA

A MALA NADA NA LAMA

A TORRE DA DERROTA

LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL

O CÉU SUECO

O GALO AMA O LAGO

O LOBO AMA O BOLO

O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO

RIR, O BREVE VERBO RIR

A CARA RAJADA DA JARARACA

SAIRAM O TIO E OITO MARIAS

ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ

Sunday, February 27, 2011

Obras de Moacyr Scliar

Contos
O carnaval dos animais. Porto Alegre, Movimento, 1968.
A balada do falso Messias. São Paulo, Ática, 1976.
Histórias da terra trêmula. São Paulo, Escrita, 1976.
O anão no televisor. Porto Alegre, Globo, 1979.
Os melhores contos de Moacyr Scliar. São Paulo, Global, 1984.
Dez contos escolhidos. Brasília, Horizonte, 1984.
O olho enigmático. Rio, Guanabara, 1986.
Contos reunidos. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
O amante da Madonna. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1997.
Os contistas. Rio, Ediouro, 1997.
Histórias para (quase) todos os gostos. Porto Alegre, L&PM, 1998.
Pai e filho, filho e pai. Porto Alegre, L&PM, 2002.
Histórias Que Os Jornais Não Contam. Rio de Janeiro, Agir, 2009.
Romances
A guerra no Bom Fim. Rio, Expressão e Cultura, 1972. Porto Alegre, L&PM.
O exército de um homem só. Rio, Expressão e Cultura, 1973. Porto Alegre, L&PM.
Os deuses de Raquel. Rio, Expressão e Cultura, 1975. Porto Alegre, L&PM.
O ciclo das águas. Porto Alegre, Globo, 1975; Porto Alegre, L&PM, 1996.
Mês de cães danados. Porto Alegre, L&PM, 1977.
Doutor Miragem. Porto Alegre, L&PM, 1979.
Os voluntários. Porto Alegre, L&PM, 1979.
O centauro no jardim. Rio, Nova Fronteira, 1980. Porto Alegre, L&PM (Tradução francesa:"Le centaure dans le jardin" ),Presses de la Renaissance,Paris, 1985, ISBN 2-264-01545-4
Max e os felinos. Porto Alegre, L&PM, 1981.
A estranha nação de Rafael Mendes. Porto Alegre, L&PM, 1983.
Cenas da vida minúscula. Porto Alegre, L&PM, 1991.
Sonhos tropicais. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.
A majestade do Xingu. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.
A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo, Companhia das Letras, 1999.
Os leopardos de Kafka. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
Na Noite do Ventre, o Diamante. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2005.
Ciumento de carteirinha Editora Ática, ISBN 8508101104, 2006.
Os Vendilhões do Templo Companhia das Letras, ISBN 9788535908299, 2006.
Manual da Paixão Solitária. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Eu vos abraço, milhões. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Ficção infanto-juvenil
Cavalos e obeliscos. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1981; São Paulo, Ática, 2001.
A festa no castelo. Porto Alegre, L&PM, 1982.
Memórias de um aprendiz de escritor. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1984.*
No caminho dos sonhos. São Paulo, FTD, 1988.
O tio que flutuava. São Paulo, Ática, 1988.
Os cavalos da República. São Paulo, FTD, 1989.
Pra você eu conto. São Paulo, Atual, 1991.
Uma história só pra mim. São Paulo, Atual, 1994.
Um sonho no caroço do abacate. São Paulo, Global, 1995.
O Rio Grande farroupilha. São Paulo, Ática, 1995.
Câmera na mão, o Guarani no coração. São Paulo, Ática, 1998.
A colina dos suspiros. São Paulo, Moderna, 1999.
Livro da medicina. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 2000.
O mistério da Casa Verde. São Paulo, Ática, 2000.
O ataque do comando P.Q. São Paulo, Ática, 2001.
O sertão vai virar mar. São Paulo, Ática, 2002.
Aquele estranho colega, o meu pai. São Paulo, Atual, 2002.
Éden-Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 2002.
O irmão que veio de longe. Idem, idem.
Nem uma coisa, nem outra. Rio, Rocco, 2003.
Aprendendo a amar - e a curar. São Paulo, Scipione, 2003.
Navio das cores. São Paulo, Berlendis & Vertecchia, 2003.
Livro de Todos - O Mistério do Texto Roubado. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008. Obra coletiva (Moacyr Scliar e vários autores)
Crônicas

Moacyr Scliar,um talento que nos deixa

O escritor Moacyr Scliar que havia sofrido um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC) e estava internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre desde 17 de janeiro, faleceu à 1h deste domingo, 27 de fevereiro.

Moacyr Jaime Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 - Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2011) foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. Na madrugada do dia 16 de janeiro de 2011 sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Passou por um procedimento cirurgico no dia 17 de janeiro de 2011, vindo a falecer no dia 27 de fevereiro de 2011 no hospital de Clinicas de Porto Alegre.
Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica. Em 1963, após se formar pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, iniciou sua vida como médico, fazendo residência médica. Especializou-se no campo da saúde pública como médico sanitarista. Iniciou os trabalhos nessa área em 1969. Em 1970, frequentou curso de pós-graduação em medicina em Israel. Posteriormente, tornou-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Já foi professor na faculdade de medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Thursday, February 03, 2011

Morto

Você sabe o que é um homem triste?
Você sabe o que um homem morto?
Não?
Basta olhar para qualquer um que perdeu toda a esperança.
Esse é um homem morto.

Tuesday, January 25, 2011

Avalanche

Uma avalanche de informações caem sobre nós todos os dias
Ai ai que nos soterram...falta folego,o que será que estaremos perdendo se não abrimos essa página,esse e-mail?
Talvez nada de importante
É melhor pensar assim
É preciso dar um tempo
dizer basta
pois mesmo querendo jamais saberemos tudo
Não seja tolo
Afunde os pés numa bacia de água morna
converse com amigos e brinque
Ou morra enlouquecido nesse mundo de apelos visuais e informações sem fim.

Wednesday, January 19, 2011

Will e Ariel Durant sobre "civilização"

"A civilização é um rio com margens.às vezes,o rio está cheio de sangue que vem de pessoas que estão matando,roubando,fazendo coisas que os historiadores costumam registar;enquanto nas margens,sem serem notadas,pessoas constroem casas,fazem amor,criam os filhos que tiveram,cantam canções,escrevem poesias e até esculpem estátuas.
A história da civilização é o que acontece nas margens."

Saturday, January 15, 2011

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Coralina

Tuesday, January 11, 2011

Constante

Mesmo sabendo muito não sabemos nada,
é constante o aprendizado.
"Eu sei de tudo" nos torna pedantes
e consequentemente morremos mais ignorantes que deveríamos.

Monday, January 10, 2011

Irã bane os livros de Paulo Coelho

Paulo Coelho, o escritor brasileiro de maior sucesso mundial, está proibido de publicar os seus livros no Irã na semana passada. O banimento foi comunicado ao editor de Coelho no Irã, Iarash Hejazi. O motivo da censura, como em toda boa ditadura, não foi explicitado.

Os livros de Paulo Coelho são publicados no Irã desde 1998. Já vendeu cerca de 6 milhões de exemplares por lá. Diz Coelho:

- Eu sinceramente espero que o governo brasileiro se pronuncie.

Se fosse no governo Lula era melhor esperar sentado. É um bom teste, porém, para o governo que se inicia.
Por Lauro Jardim

Friday, January 07, 2011

Pão

Encontrei sentado na calçada um homem esquálido
Pensei estar ele morto de fome
E lhe ofereci pão
Mas o mendigo refugou o pão dizendo
De fome não morrerei
Pois ganho alimento de todos
Mas já que ninguém me oferece um livro
Posso morrer de burrice.

Pedras e pedrinhas

A família do velho Nelson.Da esquerda para direita:Filha Marília,filha Elis,genro Wagner,esposa Vanidia,netas Isadora e Vitória.

Monday, January 03, 2011

Estalo

O tempo não perdoa
É um grande velocista
A criança vira homem
Filho é pai
Pai é avô
Os cabelos caem
Os cabelos ficam brancos
Ele compra tintura pra cabelo
E remédio pra artrite
E pra tantas outras doenças
Que enumerá-las daria uma nova Bíblia
Mas não há tempo para mais nada
A tampa do caixão já foi aberta
Desejo-lhe uma boa jornada
Nesta viagem sem retorno.

Saturday, January 01, 2011

Mudar o mundo?

Não penso mais em mudar o mundo
É a mim que preciso mudar
Pois portador de tantos defeitos
Às vezes tropeço neles
E sinto então que minha consciência me condena.
"A lembrança da morte permanece distante quando se tem muitos projetos na vida."
"Um homem bom também pode ser levado ao crime por por circunstâncias fortuitas.Mas ao contrário do homem perverso,sua consciência o condena."