A mulher de tanto ser espancada arrumou outro companheiro para lhe dar carinho. O antigo não engoliu a desfeita. Então um dia o esquisitóide violento entrou no quarto de madeira de arma em punho. Na cama viu o bípede peludo dançando ritmado sobre sua outrora fêmea que suspirava alto. Tentou por seis vezes disparar os projéteis e nada. Falhas repetidas. Irado, tentou contra sua própria cabeça e aí então o armamento funcionou. Caiu morto. Os amantes ainda na cama marcaram a data do casamento.
O clima na sala estava tenso, o calor abraçava todo o ambiente. Mãos suadas e nervos em frangalhos faziam parte do momento, do último capitulo da novela das oito. No mundo da fantasia tudo é possível, até Ana se tornar heroína, fera indomável na luta contra os maus. Na vida real a campainha do apartamento não parava de tocar... Os bombeiros entraram avisando que o prédio estava em chamas, todos para fora! A noveleira correu com a televisão nos braços. Quando chegou à rua lembrou-se do filhinho que estava dormindo. Não precisou retornar, os bombeiros desceram com o pequeno Lucas nos braços. Não sorriu, tampouco agradeceu, apenas lamentou o capítulo da novela que perdera.
Todos os dias Dona Ofélia comparecia ao cemitério para chorar pelo falecido marido que desencanou faz 90 dias. Foram cinco décadas de feliz união, dizia ela. O falecido Romualdo Ferreti não pode ser consultado sobre o assunto, posto que já não opina sobre nada diante da sua situação,digamos, mortal. Pois eu dizia que Dona Ofélia comparecia ao cemitério todos os dias para chorar por ele, sim, comparecia. Deixou de ir. Pois foi que entre idas e vindas, entradas e retiradas ,acabou se casando com o irmão do falecido na semana passada. E decidiu que não ficava bem para uma mulher casada ficar todos os dias chorando e lamentando a morte do cunhado.
Artur era funcionário
antigo do banco, mais de dez anos de casa. Ninguém jamais notara algo diferente
na sua aparência, foi uma surpresa. Pois
boquiabertos seus colegas ficaram quando
ele chegou ao trabalho na manhã de segunda-feira completamente careca. Ninguém sabia
que ele usava peruca, escondia muito bem. Alguns engraçadinhos fizeram piadas,
mas Rosineide achou que ele ficou até mais bonito. Zenaide deu até uma
alisadinha de leve. Antes do meio- dia foi chamado pelo gerente e informado que
estava demitido, pois o banco não admitia funcionário careca. Artur não ficou
abalado, pois já estava de saco cheio daquela rotina, iria inventar algo para
fazer. Mas não podia perder a oportunidade de perguntar ao gerente:
“Funcionário careca o
banco não admite?”
“De jeito nenhum!” –
respondeu o gerente empinando o nariz e alisando o topete.
“E gerente corno?”-
Perguntou Artur enquanto saí pela janela baixa sem esperar pela resposta.
Um homem taciturno entrou
no restaurante e pediu sopa de cebolas. Logo que a sopa foi servida uma mosca
pousou na sopa ainda quente. O taciturno então chamou o atendente e mandou
levar a sopa embora. Disse que iria comer apenas a mosca, mas que pagaria pelo
prato pedido. E mais não disse. O que se sabe depois disso é que todas as
moscas que moravam no estabelecimento se mudaram no mesmo dia.
Havia um escritor que tinha uma
bela história para contar. Estavam lá letras, pontos e vírgulas, cada qual
prontos para tomar o seu lugar. Mas aconteceu uma briga entre pontos e vírgulas,
e assim antes da história começar eles colocaram um ponto final em tudo.