Friday, May 31, 2013

E NÃO É?


Vivemos na era da mediocridade
Da política rasteira
Quase ninguém escapa
Desta pasmaceira
Quando o vivente votado não é asno
É inteligente e bagaceira.

Thursday, May 30, 2013

DIPSOMANÍACO


DIPSOMANÍACO

Havia na casa de campo da família
Trinta litros de aguardente
Durante os primeiros quinze dias do mês
Ficaram todos vazios
Os funcionários ficaram apavorados
Mas a patroa os tranquilizou
Dizendo que o patrão era dipsomaníaco
Ninguém entendeu nada
Porém eles ficaram com a certeza
De que tinham um patrão pinguço.

O MAU MAL


O MAU MAL
O mau sentia-se muito bem fazendo o mal. Não se cansava de fazê-lo, sorria por dentro. Mas chegou o dia em que mau ficou mal e não sorriu nem por dentro e nem por fora. Ocorreu quando ele foi sentado forçosamente na cadeira elétrica e torrado.

NÃO DEU PIRÁU

NÃO DEU PIRÁU

Panela no fogo
Banha se derretendo
Milho pipoca tomando banho
Esquenta
Pula daqui
Pula dali
Desabrocham as branquinhas
Para conhecer um novo mundo
Pipoca seca
Pipoca boa
Não deu piráu.

CONTRABALANÇANDO


CONTRABALANÇANDO

A cachorrinha da dona Cleusa saía todo dia de sua casa e ia elegantemente fazer seu cocô matinal na grama limpa e verde do vizinho. Reclamar ele reclamou, mas seus apelos foram em vão. Era um homem gentil, detestava discussões e intrigas. Digamos que era um cavalheiro. Com o tempo achou que o negócio tinha passado dos limites. Resolveu ele também comprar um animalzinho de estimação para contrabalançar. Não foi fácil, mas conseguiu. E assim toda manhã ele saía de casa com seu elefante de estimação para fazer cocô no belo gramado do vizinho.

LEZÍRIA


LEZÍRIA

A chuva amainou
Então o rio bravo murchou
E voltou para seu leito
Deixando a lezíria úmida
Aproveitando o sol da tarde.

INFÂNCIA NO PECADO



INFÂNCIA NO PECADO

Já rezei de pé
Deitado e ajoelhado
Perdi noites sem conta pensando no pecado
Sofrendo sem cessar pela salvação
Hoje sou feliz e não rezo
Nem mesmo deitado
E se é para perder minhas noites
Perco praticando o que diziam outrora ser pecado.

MADRUGADA


MADRUGADA

Gosto da madrugada
A madrugada nos subúrbios
Quase silenciosa
Não fosse pelos cães
Gatos
Galos
E alguns bêbados voltando para casa
A madrugada é a noite dormindo
E paradoxalmente é a companheira dos insones.



MOSCAS


MOSCAS
Duas belas moscas entraram no bar Veludo Azul e foram até o balcão. Pediram pão com mortadela e maionese. O dono do estabelecimento olhando para baixo disse rispidamente que não atendia moscas no seu estabelecimento. Elas então mostraram suas identificações: eram moscas da Vigilância Sanitária. Foram educadamente servidas e não autuaram o dono, embora fosse bem imunda a espelunca.

O PORRE DA DULCE BEATA


O PORRE DA DULCE BEATA
A Dulce beata
Tomou um porre na quermesse
E ouve lá quem dissesse que era paixão por um sacerdote
Por sinal um rapazote
A Dulce com o porre foi ficando de língua solta
E jogou pra cima suas ferramentas orais
Derrubou na igreja flores e castiçais
E acabou até ofendendo um compadre
E no larga e segura
Tirou sua calcinha
E foi sentar-se no colo do padre.


PASSANDO MAL


PASSANDO MAL

Paulo entrou na tarde de sábado tomando cerveja. Entre salgadinhos e conversas bebeu alguns litros da fermentada e ficou mal. Foi ao banheiro e quase vomitou o bucho. Ao ver no vaso aquelas coisas vermelhas pensou estar pondo para fora o fígado. Chamou por socorro como um desesperado e os amigos o acudiram. Já estavam prontos para ligar para o SAMU quando Gerson que estava sóbrio disse-lhes que aquelas coisas vermelhas no vaso não eram pedaços de fígado, mas apenas tomates. Um fiasco foi evitado.

VAI MARIA


VAI MARIA

Segue agora pela rua principal da cidade o enterro da Maria Linguaruda. A família acompanha caminhando, olhares cabisbaixos. São poucos os amigos presentes. O padre Celso vai à frente puxando as orações. Mal o caixão adentra ao cemitério pipoca o foguetório na praça, o chope rola. O povo comemora a viagem da finada. Os carregadores do esquife trocam olhares com o padre esperando pela deixa. Mal o caixão é colocado no buraco o padre sapeca:
- Vai Maria, amém.
Ficaram no cemitério só o avô e o coveiro. Ô sede!

MADAME TANIA


MADAME TANIA

Madame Tânia
Migrou da Albânia
Numa crise momentânea
Trouxe consigo os filhos
Fiodor e Melânia
Para montar uma casa
Da mais pura infâmia
Mas quando surgiram os lucros
Houve cizânia
Entre Fiodor e Melânia
Madame Tânia aborrecida
Voltou à Albânia.