O mau sentia-se muito bem fazendo o
mal. Não se cansava de fazê-lo, sorria por dentro. Mas chegou o dia em que mau
ficou mal e não sorriu nem por dentro e nem por fora. Ocorreu quando ele foi
sentado forçosamente na cadeira elétrica e torrado.
A cachorrinha da dona Cleusa
saía todo dia de sua casa e ia elegantemente fazer seu cocô matinal na grama
limpa e verde do vizinho. Reclamar ele reclamou, mas seus apelos foram em vão. Era um homem gentil,
detestava discussões e intrigas. Digamos que era um cavalheiro. Com o tempo
achou que o negócio tinha passado dos limites. Resolveu ele também comprar um
animalzinho de estimação para contrabalançar. Não foi fácil, mas conseguiu. E
assim toda manhã ele saía de casa com seu elefante de estimação para fazer cocô
no belo gramado do vizinho.
Duas
belas moscas entraram no bar Veludo Azul e foram até o balcão. Pediram pão com
mortadela e maionese. O dono do estabelecimento olhando para baixo disse
rispidamente que não atendia moscas no seu estabelecimento. Elas então
mostraram suas identificações: eram moscas da Vigilância Sanitária. Foram
educadamente servidas e não autuaram o dono, embora fosse bem imunda a
espelunca.
Paulo
entrou na tarde de sábado tomando cerveja. Entre salgadinhos e conversas bebeu
alguns litros da fermentada e ficou mal. Foi ao banheiro e quase vomitou o
bucho. Ao ver no vaso aquelas coisas vermelhas pensou estar pondo para fora o
fígado. Chamou por socorro como um desesperado e os amigos o acudiram. Já
estavam prontos para ligar para o SAMU quando Gerson que estava sóbrio
disse-lhes que aquelas coisas vermelhas no vaso não eram pedaços de fígado, mas
apenas tomates. Um fiasco foi evitado.
Segue
agora pela rua principal da cidade o enterro da Maria Linguaruda. A família
acompanha caminhando, olhares cabisbaixos. São poucos os amigos presentes. O
padre Celso vai à frente puxando as orações. Mal o caixão adentra ao cemitério
pipoca o foguetório na praça, o chope rola. O povo comemora a viagem da finada.
Os carregadores do esquife trocam olhares com o padre esperando pela deixa. Mal
o caixão é colocado no buraco o padre sapeca:
- Vai
Maria, amém.
Ficaram no
cemitério só o avô e o coveiro. Ô sede!