Tuesday, April 23, 2013

NO CHÃO

NO CHÃO
Estando parado eu não me encontro
Andando ainda menos
Então eu caio e fico inerte como um defunto
Esperando talvez pelo pranto de uns poucos
Falso morto
Às vezes pisco os olhos
Para espantar os urubus.

BAÚ


BAÚ
Abri um velho baú
Cheio de rasgos e pó
Tirei dele uma velha carta de amor
Daquelas amareladas pelo tempo
Ao abri-la senti o calor
Do abraço da saudade
Mas ao lê-la percebi
Que os nossos sonhos são temporais
E que não sobrevivem à realidade da vida.

Thursday, April 18, 2013

VIVER


VIVER
Viver...
Viver é se importar
É colocar o coração na estrada.
Viver é olhar em volta
E observar se alguém está chorando.
Viver é saber
Que o ser humano não pode ser apenas estatística.
Viver é procurar ser justo
E ter sempre uma palavra de carinho na dor de outrem.
Viver é aprender a cada dia
Uma nova lição.


A POMBA DA DONA CLONI E OS GAFANHOTOS


Uma nuvem negra se formou no horizonte e vinha na direção das plantações de milho do seu Anacleto. Mas não era chuva que se aproximava, mas sim uma nuvem de gafanhotos com milhões de gafanhotos famintos. Seu Anacleto coçou a cabeça pensando no que faria para espantar tantos bichos. Ai meu milho! Ele não usava pesticida, teria que ser de outro jeito. Os danados estavam chegando, precisava pensar rápido. Mandou então chamar sua esposa, e para espanto de todos disse para ela ficar nua no meio da plantação. Dona Cloni ficou um pouco contrariada, mas foi no pelo para dentro do milharal. A nuvem de gafanhotos fez menção de atacar, mas seguiu em frente, não parou. O agricultor sorriu feliz, tinha acertado. Dona Cloni queria saber então o porquê de mandar ela para dentro do milharal.  Disse ele:
- Ora mulher, é tudo uma questão de lógica. Como você não é muito chegada a tomar banho, mal que te acomete há anos, o cheiro da tua pomba já matou um pinto, que por sinal foi o meu. Deduzi então que se o cheiro da tua pomba matou um pinto, como não mataria gafanhotos que são bem menores?

Wednesday, April 17, 2013

“Embarquei minha saudade nas asas de um passarinho. Lá vai ela visitar você.” (Mim)

VOA


VOA

Abri a torneira do meu pocinho de lágrimas
Para chorar de saudade de você
Mas é um choro bom
Que só revela a grandeza deste sentimento
E canto
Voa meu passarinho
Voa
Vai fazer teu ninho
Mas não se esqueça
Que sempre estarei aqui
Pronto para te aconchegar sob minhas asas.

EXEMPLAR


EXEMPLAR

Até os trinta anos Vitor viveu por conta dos pais. Eles mortos resolveu procurar emprego. Conseguiu de vigia diurno numa grande empresa de pneus. Trabalhou bem os primeiros sete dias. No oitavo dia tirou folga por conta própria. No nono dia pediu um vale pela manhã e adiantamento de férias pela tarde. No décimo dia chegou à conclusão que trabalhar era cansativo. No décimo primeiro saiu do emprego e foi atrás de criar um sindicato. Ufa!

CANSOU DE SER GENTE


CANSOU DE SER GENTE

Naquele dia Arnaldo estava se sentindo um traste. O céu era marrom, a saliva tinha fel. Queria um abismo só para chamar de seu. Chegou em casa e foi direto para o canil. Mandou o Duque para dentro da residência se deitou na morada do cão. Espreguiçou-se, lambeu os beiços e passou a roer um osso. Antes da meia-noite já estava latindo para os passantes.

A BARATA


A BARATA

Roberto dormia nu enquanto uma barata passeava sobre seu corpo. Ainda sonolento sentiu o toque do bicho nojento na sua pele. Mandou um tapa daqueles do vivente trocar de orelhas. Errou do bicho e acertou em cheio o próprio saco. Caiu da cama desmaiado de tanta dor. A barata ainda ria quando o corpo dele tombou sobre ela. Ploc! Ponto para nós.

CHAPEUZINHO PT


CHAPEUZINHO PT
Era uma vez uma menininha chamada Chapeuzinho PT. Morava próxima da mansão da vovó e toda semana a visitava. Nas conversas com a vovó ficava metendo o pau Lobo Mau; também na escola, nos jornais, na televisão. O Lobo Mau era então o mal do mundo. Passado algum tempo a vovó morreu e Chapeuzinho herdou sua mansão e terras. E sabe quem ela foi buscar no Maranhão para ajudá-la administrar a herança? Pois é, o Lobo Mau.

O LENÇO


O LENÇO

Todo pessoal do escritório foi convidado para a festa de aniversário do Joel. Coisa simples, um arroz com galinha para a data não passar em branco. João comeu que se fartou e bebeu três copos de vinho. Lá pelas tantas sentiu um nó nas tripas e correu para fora à procura de um banheiro. O banheiro era uma casinha de madeira no fundo do lote, que se chegava por um carreirinho de pedras. João entrou correndo para se desapertar. Não havia luz, e pior, terminado o serviço não havia papel. E agora? Sair com a bunda suja não dava. João lembrou que trazia no bolso da calça um daqueles lenços que mais parecia um lençol de tão grande. Passou o lenço no rego, dobrou direitinho e na saída jogou o tal num canto entre folhagens. Passados alguns do jantar comemorativo, uma gripe danada passou pelo escritório pegando todo mundo. E não foi outro senão o próprio João que observou quando o colega Joel sacou o lenço abandonado entre as folhagens e assuou o nariz.

TREINAMENTO


TREINAMENTO

Tarde de sábado. Sol quente, pouco movimento pelas ruas. Vera Lucia estava deitada sobre tábuas no porão aberto e fresco da grande marcenaria. Saia levantada, calcinha de lado e treinando o revezamento de vizinhos, no caso seis por um. Quando todos os atletas treinaram, ela foi embora satisfeita, mas com a perereca ardida.

SONHOS


Eu sonho
E sonho sonhos tão meus
Mas ao realizar meus sonhos
Meu povo amado
Quero realizar também os sonhos teus.