SOLIDÁRIOS, MAS NÃO MUITO
Na segunda metade do século
XXI uma grande epidemia dizimou metade do povo brasileiro. Nas pequenas vilas
do nordeste em que a ajuda não chegou a tempo, os mortos dormiam nas ruas. Sem
comida e sem remédios o povo fugia desesperado levando apenas algumas roupas...
Saídos de uma pequena
cidade do interior do Brasil vinte casais em fuga caminharam por mais de cinco
mil quilômetros em busca de um lugar seguro para ficar. Unidos, todos se
ajudaram nos momentos difíceis de enfermidades e fome. Repartiam bolachas e grãos
de feijão. Nas horas de desespero e abandono um casal apoiava o outro,
solidários e cheios de afeto. Enfrentaram juntos temporais e o pranto de
saudade dos queridos mortos. Diante da desgraça pareciam irmãos de sangue. Aconteceu
então o dia que a vintena de desterrados entrou numa fazenda abandonada e além
de cadáveres por todos os lados encontrou uma maleta com mais de R$ 2 milhões
de reais abandonada num canto. Enterraram os mortos e descansaram...
Planejaram que quando
estivessem em um lugar definitivo dividiriam o montante em partes iguais. Foram
dormir felizes com a esperança de um amanhã melhor. Durante a noite enquanto
todos os demais dormiam o casal Marcoloto, com pés de pano, partiu levando o
pequeno tesouro da comunidade. Quando acordaram e perceberam o insulto, ninguém
reclamou. Contavam-se felizes por estarem todos livres da doença. Na vida não
se pode ter de tudo.