Monday, April 27, 2009

POVO SAHARAUI


Direto do Blog do Lédio Carmona. Vale a pena conferir esse programa.Lúcio de CastroSporTV RepórterDifícil entender tamanho silêncio. Um muro divide o Saara em dois. A leste, Marrocos. A oeste, Argélia. E o mundo parece achar normal.Como também parece achar normal que, no coração do deserto, no pedaço mais inóspito do mais inóspito pedaço do planeta, viva um povo em exílio: os Saharauis.O enorme mistério que se perde sem pista naquelas areias é tentar descobrir como mais de dois mil quilômetros de muro a isolar um povo pode seguir sem ser conhecido pelo mundo. Sem a badalação de seus irmãos mais ricos, pedaços de concreto que isolam palestinos, mexicanos ou o agora pop falecido muro de Berlim. Sobre o muro que isola os saharauis, nenhuma palavra. Mais esquisito mesmo, só a existência, em pleno século XXI, de um povo esquecido pelo mundo.A tragédia saharaui começou em 1975. Em um de seus últimos atos, o General Franco entregou o território conhecido como Saara Ocidental, ou Saara Espanhol, ao Marrocos e a Mauritânia, enquanto as antigas colônias europeias na África conquistavam independência. Restou a guerra. Depois de 15 anos, bombardeados por napalm e artefatos de fósforo, restou o exílio na Argélia.Em quatro acampamentos de refugiados no meio de uma parte do Saara sem água ou qualquer possibilidade de agricultura, os saharauis vivem o exílio, e aguardam há mais de três décadas a hora de voltar pro seu pedaço de terra e o reconhecimento como nação.Nos anos 80, diante do absoluto desprezo para sua causa, os saharauis resolveram transformar o esporte em prioridade. Com a criação de um Ministério da Juventude e do Esporte, esperam formar atletas, que levem sua bandeira ao mundo, e garanta alguma atenção. Em documento, afirmam que o “esporte é estratégico como canal de representação do país no panorama internacional”.Atletas saharauis comecem a despontar. Como Mohamed Katari, corredor saharaui de sucesso na Espanha. Ainda muito pouco para romper um muro ainda mais vergonhoso do que o construído no deserto: o do silêncio.Um silêncio nada inocente. Do outro lado do muro, 200 mil pessoas seguem padecendo como poucos povos na história da humanidade. Quarenta e cinco por cento das mulheres saharauis tem suas gestações interrompidas por falta de ferro. O escorbuto é encontrado em 27% da população, e 20% tem cegueira noturna. As tempestades de areia vitimam um alto número de crianças com surdez. Hepatite B e meningite são freqüentes, dando cores fortes a uma tragédia sem eco.Uma história de esquecidos entre tantos esquecidos, que o mundo prefere ignorar.

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